O “Príncipe dos Pregadores” marcou gerações com sua pregação poderosa, mas também enfrentou pressões, doenças e desafios familiares. O que sua história tem a ensinar aos líderes de hoje sobre equilíbrio entre ministério, descanso e família?

Quando o ministério ocupa tudo
Charles H. Spurgeon é admirado por muitos como um dos maiores pregadores de todos os tempos. Seu legado é impressionante: mais de 150 livros escritos, dezenas de milhares de sermões pregados, uma megaigreja antes mesmo desse termo existir, um orfanato, uma editora, uma escola para pastores, e uma produção teológica que influenciou o mundo inteiro.
Mas por trás de todo esse impacto, havia um homem de carne e osso. Um homem que sofreu com doenças físicas constantes, crises de depressão profunda, e, ao que tudo indica, uma vida extremamente exigente que afetou até mesmo sua família.
Um ritmo de vida que cobra um preço
Spurgeon lia cerca de seis livros por semana, pregava várias vezes, editava uma revista mensal e respondia cartas diariamente. Não é difícil perceber que esse ritmo, embora admirável, beirava a exaustão.
Zack Eswine, autor do livro A Depressão de Spurgeon, revela como ele enfrentava sentimentos de angústia e abatimento:
“Eu sou o sujeito mais miserável da Terra… estou pronto a morrer neste desespero.”
Esse tipo de declaração nos mostra que, embora abençoado por Deus, Spurgeon não era invencível.
Há também registros de que ele teria reservado apenas uma tarde por semana para brincar com os filhos — um dado não confirmado com precisão, mas que, mesmo que fosse verdadeiro, revela como sua agenda era apertada. Sua esposa, Susannah, passou grande parte da vida doente e, muitas vezes, ausente das reuniões da igreja. Mesmo com amor evidente entre eles, é provável que o ministério tenha limitado sua presença em casa.
A frase que revela muito: “É melhor queimar do que enferrujar”
Essa citação, muitas vezes celebrada por líderes, revela uma mentalidade perigosa: a de que servir até a exaustão é virtude. Mas será que é isso que Deus espera de nós?
Jesus não nos chamou para sermos máquinas religiosas. Ele nos chamou para viver uma vida com Ele — com cruz, sim, mas também com descanso. O próprio Salvador tirava tempo para estar a sós, para orar, para restaurar-se. Por que, então, tantos líderes insistem em viver sempre no limite?
Um chamado ao equilíbrio
Spurgeon continua sendo uma referência preciosa. Não por sua perfeição, mas por sua humanidade. Ao enxergarmos suas limitações, somos lembrados de que o ministério não pode custar a saúde, o casamento, os filhos, ou a comunhão com Deus.
Talvez você, que está lendo isso agora, esteja liderando, servindo, se dedicando com tudo o que tem. Louvado seja Deus por isso. Mas aqui vai um lembrete pastoral, de coração para coração: cuide também da sua alma. Permita-se descansar. Cultive o tempo com a família. Valorize os momentos silenciosos diante do Senhor.
Porque, no fim das contas, como costumo dizer:
Se até Spurgeon tinha limites… quem sou eu pra ignorar os meus?
Fontes consultadas:
- Eswine, Zack. A Depressão de Spurgeon. Editora Fiel.
- Christian History Institute – Spurgeon Did You Know
- Church Leaders – What Spurgeon’s Scheduled Week Looked Like
- Wikipedia – Susannah Spurgeon
- Fierce Parenting – 12 Parenting Quotes from Charles H. Spurgeon