Rejeitados na cidade

Mensagem pregada pelo pastor Guilherme de Amorim Avilla Gimenez na PIBFLORIPA em 28 de abril de 2024.

SÉRIE: COM JESUS NA CIDADE

TEMA: REJEITADOS NA CIDADE

TEXTO: LUCAS 04:16-37; 42-44

“Rejeição é uma das feridas emocionais mais profundas e difíceis de lidar”

(Fábio Augusto Caló. Artigo: Rejeição: como lidar com uma das piores feridas emocionais?)

“Os cristãos têm uma história de rejeição. Hora sendo rejeitados, hostilizados e maltratados, e hora rejeitando, hostilizando e maltratando. Jesus foi rejeitado, mas não rejeitou. Foi maltratado, mas não maltratou. Vemos em Jesus a saúde emocional e espiritual que se espera de alguém que vive em sociedade” (Henry Cloud. Palestra proferida no Dallas Theological Seminary em Junho de 2017)

Nós cristãos temos uma grande chance de ser rejeitados na cidade.

Nós cristãos temos uma grande chance de rejeitarmos as pessoas da cidade.

REJEITADO, MAS SEM RANCOR (Versos 28-30)

28 – Quando ouviram isso, aqueles que estavam na sinagoga ficaram furiosos.

29 – Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e o arrastaram até a beira do monte sobre o qual a cidade tinha sido construída. Pretendiam empurrá-lo precipício abaixo,

30 – Mas ele passou por entre a multidão e seguiu seu caminho.

Nós discípulos de Jesus corremos o risco de sofrer o mesmo tipo de rejeição que Jesus sofreu. Há lugares no mundo em que isso acontece da maneira mais cruel possível.

“O número de cristãos em situação de profunda perseguição ultrapassa os 365 milhões, o que equivale a um em cada sete em todo o mundo” (Jornal Gazeta do Povo. 16/01/2024)

“Passados 2.000 anos das perseguições que levavam os primeiros cristãos às arenas de Roma, as agressões e a violência contra os seguidores do Evangelho continuam presentes em grande parte do mundo neste início do século XXI. Para milhões de cristãos, a pretensão de liberdade religiosa voltou a ser motivo de conflito. Em países como Iraque, Síria e Coreia do Norte, a insistência pode ser questão de vida e morte” (Revista Veja. 30/07/2020)

Jesus foi rejeitado e vítima de violência física. Foi expulso da cidade. Queriam empurrá-lo de uma altura bem grande. Mas o texto diz que a reação de Jesus foi “passar pela multidão.” O verbo utilizado é διέρχομαι (dierchomai) cujo significado é simplesmente “atravessar”. No silêncio, passando por meio da fúria dos agressores, Jesus simplesmente segui em frente. E o final do verso é ainda mais surpreendente: “ele seguiu o caminho.” É interessante que a expressão faz uso do verbo grego πορεύομαι (poreuomai) que também significa “viajar.” A ideia portanto é que Jesus seguiu para fazer o que tinha de fazer. Não há traços de rancor com aquelas pessoas. Mas é muito interessante analisar o que causou tamanho furor naquelas pessoas. Vejamos os versos anteriores:

16 – Quando Jesus chegou a Nazaré, cidade de sua infância, foi à sinagoga no sábado, como de costume, e se levantou para ler as Escrituras.

17 – Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías, e ele o abriu e encontrou o lugar onde estava escrito:

18 – “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu para trazer as boas-novas aos pobres. Ele me enviou para anunciar que os cativos serão soltos, os cegos verão, os oprimidos serão libertos,

19 – e que é chegado o tempo do favor do Senhor”.

20 – Jesus fechou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se. Todos na sinagoga o olhavam atentamente.

21 – Então ele começou a dizer: “Hoje se cumpriram as Escrituras que vocês acabaram de ouvir”.

22 – Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Contudo, perguntavam: “Não é esse o filho de José?”.

23 – Então ele disse: “Sem dúvida, vocês citarão para mim o ditado: ‘Médico, cure a si mesmo’, ou seja, ‘Faça aqui, em sua cidade, o mesmo que fez em Cafarnaum’.

24 – Eu, porém, lhes digo a verdade: nenhum profeta é aceito em sua própria cidade.

25 – “Por certo havia muitas viúvas necessitadas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e meio e uma fome terrível devastou a terra.

26 – E, no entanto, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma estrangeira, uma viúva de Sarepta, na região de Sidom.

27 – E havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas o único que ele curou foi Naamã, o sírio”.

Podemos dizer que o grande incômodo daquelas pessoas se deveu ao fato de Jesus assumir a sua missão. Dizer quem ele era e para o que viera ao mundo. Isso deixou aquelas pessoas irritadas como também irrita as pessoas do nosso tempo.

“As verdades eternas – A Bíblia sagrada – podem trazer incômodo para quem as ouve. Por isso não espere apenas sorrisos ou agradecimento: fúria e desprezo também poderão ser recebidos” (Tim Keller. Like Him)

O interessante é que Jesus estava consciente disso. Talvez por esse motivo não tenha ficado irado ou guardado rancor.

Quando começaram a comentar “Não é esse o filho de José?” ele já rebateu dizendo “Sem dúvida, vocês citarão para mim o ditado: ‘Médico, cure a si mesmo’, ou seja, ‘Faça aqui, em sua cidade, o mesmo que fez em Cafarnaum’. E depois completou: “Eu, porém, lhes digo a verdade: nenhum profeta é aceito em sua própria cidade.”

Jesus estava consciente do que poderia acontecer: rejeição. Ele estava certo dessa possibilidade e preparado para ela.

Ainda que anunciemos que Deus está a favor e não contra as pessoas – porque nada na mensagem de Jesus Cristo foi ‘contra as pessoas’, mas sim a favor delas ao anunciar boas novas, liberdade, visão e graça – a rejeição é esperada por causa da nossa “missão.”

Agora existe um outro motivo para a rejeição.

A REJEIÇÃO PROMOVIDA POR PODERES ESPIRITUAIS (Versos 31-37)

31 – Então Jesus foi a Cafarnaum, uma cidade na Galileia, onde ensinava na sinagoga aos sábados.

32 – Ali também o povo ficou admirado com seu ensino, pois ele falava com autoridade.

33 – Certa ocasião, estando ele na sinagoga, um homem possuído por um demônio, um espírito impuro, gritou:

34 – “Por que vem nos importunar, Jesus de Nazaré? Veio para nos destruir? Sei quem é você: o Santo de Deus!”.

35 – Jesus o repreendeu, dizendo: “Cale-se! Saia deste homem!”. Então o espírito jogou o homem no chão à vista da multidão e saiu dele, sem machucá-lo.

36 – Admirado, o povo exclamava: “Que autoridade e poder ele tem! Até os espíritos impuros lhe obedecem e saem quando ele ordena!”.

37 – E as notícias a respeito de Jesus se espalharam pelos povoados de toda a região.

Um espírito imundo interrompe Jesus enquanto ele está na sinagoga pregando. E o que ele diz mostra que um dos motivos para a rejeição diz respeito a poderes espirituais, espíritos malignos.

Não podemos achar que a rejeição é só social ou ideológica: ela é espiritual. A frase que o demônio diz é: “por que vem nos importunar?”

Toda vez que nós anunciamos Jesus Cristo, falamos do amor Dele, nós estamos literalmente importunando o mundo de trevas. E há milhares de pessoas que estão debaixo do poder das trevas em nossa cidade.

Por isso que não podemos lidar com a rejeição de um modo não espiritual. O que precisamos é orar, clamar a Deus, jejuar, ter armas espirituais para lidar com poderes espirituais.

NÃO DESISTA, APESAR DA REJEIÇÃO (Versos 42-44)

42 – Logo cedo na manhã seguinte, Jesus retirou-se para um lugar isolado. As multidões o procuravam por toda parte e, quando finalmente o encontraram, suplicaram que não as deixasse.

43 – Ele, porém, disse: “Preciso anunciar as boas-novas do reino de Deus também em outras cidades, pois para isso fui enviado”.

44 – E continuou a anunciar sua mensagem nas sinagogas da Judeia

O encerramento do capítulo mostra um Jesus que não perdeu sua missão apesar da rejeição. Ele continua pregando e anunciando.

Todos temos motivos para desistir. Mas se o motivo para persistir for maior do que o motivo para desistir então com certeza seguiremos em frente. Quem desisti fácil é porque não tem razões grandes o suficiente para persistir.

Você desiste fácil de tudo ou só dos assuntos espirituais?

REJEITADOS NA CIDADE…

– Mas sem rancor e sim amor pela cidade;

– Entendendo que as forças espirituais são a causa da hostilidade;

– Sem desistir da missão de amar e falar de Jesus Cristo a todos.

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