Mensagem pregada pelo pastor Guilherme de Amorim Ávilla Gimenez na PIBFLORIPA em 02 de junho de 2024.
Série: COM JESUS NA CIDADE
Tema: A cidade é lugar de sofrimento
Texto: Mateus 9:35-38
“Jesus andava por todas as cidades e todos os povoados da região, ensinando nas sinagogas, anunciando as boas-novas do reino e curando todo tipo de enfermidade e doença. Quando viu as multidões, teve compaixão delas, pois estavam confusas e desamparadas, como ovelhas sem pastor. Disse aos discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Orem ao Senhor da colheita; peçam que ele envie mais trabalhadores para seus campos”.”
(Mateus 9:35-38)
MAIS UM DIA NA CIDADE
Em meio aos compromissos do dia a dia e agenda pesada que temos acabamos não enxergando a dor das pessoas e seu sofrimento. Nesse exato momento há pessoas sofrendo, perto e longe de nós. A cidade é um lugar onde existe sofrimento real e onde pessoas precisam de Jesus Cristo.
“Jesus andava por todas as cidades e todos os povoados da região…” (Verso 35)
Jesus percorreu todas as cidades e povoados da região, mostrando que Ele não evitava os lugares onde as pessoas estavam. Jesus interagia com as pessoas, ele as enxergava no seu contexto. Jesus aqui em nossa cidade andaria pelos bairros, praias, visitaria nossos pontos turísticos. Onde estiver o ser humano, ali está a necessidade de Jesus Cristo.
“… ensinando nas Sinagogas…” (Verso 35)
Jesus estava comprometido com o ensino. Através do ensino ele mostrava a verdade. Quando lemos que Jesus ensinava nas sinagogas nos impressiona mais o lugar (sinagoga) do que o ato (ensinar). Deveríamos prestar mais atenção exatamente no ato, na ação de Jesus.
Muito do sofrimento da cidade se deve exatamente à falta de ensino, as pessoas não sabem o que fazer e pior: não sabem como viver. Não sabem como serem pais e mães, filhos, cidadãos, profissionais. O ensino foi uma das estratégias de Jesus para lidar com o sofrimento humano.
“… anunciando as boas novas do Reino…” (Verso 35)
O coração do ministério de Jesus era o anúncio das boas novas. Esse era o assunto central do ensino de Jesus. Ele proclamava a chegada do Reino de Deus, um reino diferente, e se estivesse em Florianópolis, poderíamos esperar que esse fosse seu assunto central.
Esse é nosso assunto central? Nós somos os proclamadores do Reino de Deus? Do novo tempo em que a misericórdia, graça, salvação e perdão entraram na história da humanidade?
Qual é nosso assunto central? Dependendo do que pregamos, nossa mensagem fica muito diferente daquela ensinada por Jesus Cristo.
“…curando Todo Tipo de Doenças e Enfermidades” (Verso 35)
Jesus não apenas falava, mas também agia. Ele curava os enfermos, mostrando que o Reino de Deus envolve a restauração completa do ser humano. Por certo Jesus faria o mesmo hoje, levaria cura e consolo aos necessitados. E, como Ele nos chama a ser Suas mãos e pés, nós precisamos levar cuidado e compaixão onde quer que formos.
“Quando viu as Multidões…” (Verso 36)
Jesus viu as multidões. Ele não apenas olhou, mas enxergou profundamente suas necessidades e dores. Em nossa cidade, Ele veria os moradores de rua, as famílias quebradas, os jovens desiludidos e os idosos esquecidos. Jesus nos desafia a abrir nossos olhos para ver as pessoas ao nosso redor como Ele as vê, com um olhar de amor e compaixão.
Jesus detectava o sofrimento humano, a dor e o desespero de almas aflitas sem Deus. E essa é nossa missão também: detectar. E para isso, precisamos ir além daquele olhar descomprometido e rápido: temos que nos esforçar para romper com fachadas e ir até o coração das pessoas.
“… teve compaixão delas…” (Verso 36)
A reação de Jesus ao ver as multidões foi de compaixão. E a palavra grega aqui vale sempre a pena ser repetida: σπλαγχνιζομαι (splagchnizomai) que literalmente significa “ser movido pelas entranhas”. Mas, por que esse significado? Porque essa palavra nasce do termo grego que é traduzido por “estômago.” Sabe quando alguma coisa te incomoda tanto que dói no estômago? Não é algo qualquer, mexe com você e gera um desconforto interno. Assim foi com Jesus: ele se sentiu movido pela cena.
Não foi apenas Mateus quem percebeu essa compaixão de Jesus. Veja a mesma percepção do evangelista Marcos:
“Quando Jesus saiu do barco, viu a grande multidão e teve compaixão dela, pois eram como ovelhas sem pastor. Então começou a lhes ensinar muitas coisas.”
(Marcos 6:34)
Jesus se importava profundamente com cada pessoa, reconhecendo suas dores e sofrimentos. Como seguidores de Cristo, somos chamados a sentir essa mesma compaixão. Não podemos ser indiferentes ao sofrimento ao nosso redor. Precisamos permitir que nossos corações sejam movidos pela dor dos outros.
“… pois estavam confusas e desamparadas, como ovelhas sem pastor.” (Verso 36)
Jesus descreveu as pessoas como ovelhas sem pastor, confusas e desamparadas. Essa imagem é poderosa. Ovelhas sem pastor estão vulneráveis, perdidas e em perigo.
Em Florianópolis, muitas pessoas se sentem assim – sem direção, sem propósito e sem esperança. Jesus é o Bom Pastor que busca, guia e cuida de Suas ovelhas. Nós, como Sua igreja, devemos seguir Seu exemplo e ser pastores para os que estão perdidos e desamparados.
“Disse aos discípulos: …” (Verso 37)
Agora Jesus se dirige a nós, seus discípulos. Isso porque a missão continua. Somos seus pés e suas mãos. Nós somos o olhar de compaixão em pleno século XXI. Nós somos os que se importam, os que socorrem e os que pregam as boas novas do Reino de Deus.
“… A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos.” (Verso 37)
Jesus sabia que a minoria se importaria. Que poucos sentiriam a dor da cidade. Que o sofrimento passaria despercebido por muitos que proclamam o nome de Jesus Cristo mas não olham como Jesus olhava e nem amam como Ele amava.
“Orem ao Senhor da colheita; peçam que ele envie mais trabalhadores para seus campos”.” (Verso 38)
Agora Jesus nos chama de “trabalhadores.” A palavra grega εργατης (ergates) era utilizada em geral para um trabalhador que está na ativa para receber seu salário. Não é alguém que eventualmente resolve trabalhar mas sim um operário, um funcionário, um empregado, alguém que está na ativa.
Nós somos trabalhadores. Nós somos servos. E somos chamados a ir até as multidões que sofrem como Jesus foi, e a nos compadecermos deles como Jesus se compadeceu. Não é tarefa fácil, mas para isso fomos chamados por nosso Senhor Jesus Cristo.
HÁ SOFRIMENTO NA CIDADE
– Conseguimos enxergar isso?
– Nos compadecemos por isso?
– Estamos suficientemente engajados nisso?