“Nem sempre as vitórias estão na linha de chegada.”
Demorei para escrever este post. É difícil admitir a dura verdade: dessa vez voltei para casa sem medalha. As montanhas de Nova Trento me fizeram experimentar algo que todo atleta teme — a necessidade de desistir.
A largada e o inesperado
Às 18h de sexta-feira, 15 de novembro, saí do Ginásio de Esportes de Nova Trento para enfrentar um trajeto desafiador, cheio de trilhas duras e mata fechada. Comecei a prova com o coração cheio de expectativas, enfrentando cada quilômetro com garra e determinação. Mas logo após a largada, percebi que o desafio teria um ingrediente extra: chuva. Muita chuva.
As trilhas, que já eram difíceis, se tornaram escorregadias e perigosas. Com a altimetria pesada, cada passada exigia concentração máxima. As horas passavam, a chuva não dava trégua, e os escorregões e quedas começaram a se acumular.
A decisão difícil
Segui em frente com esperança e fé, avançando até próximo ao km 64, diante do maior oponente: o Morro do Barão. Vencer o morro anterior, o Bela Vista, já havia sido extremamente difícil, com trechos perigosos e técnicos. Agora, diante do Barão, com sua altimetria desafiadora e trilhas ainda mais complicadas, precisei parar e refletir. Foi nesse momento que tomei uma das decisões mais difíceis da minha jornada como ultramaratonista: parar.
Eu ainda estava dentro do tempo limite, mas o risco era alto demais. Desistir nunca é fácil. O coração queria continuar, provar que eu era capaz de chegar ao fim, mas a razão falou mais alto.
Triste, mas firme
Estou triste, sim. É impossível não ficar. Mas também estou firme, porque sei que fiz o certo. Às vezes, coragem não é apenas continuar — é reconhecer os limites e saber a hora de parar.
A montanha e a chuva me ensinaram uma lição importante: não estamos preparados para tudo. Uma simples mudança climática pode transformar completamente o planejamento mais meticuloso e os sonhos mais ousados.
Vários colegas também decidiram parar. Outros foram obrigados a desistir devido a lesões. O número de finishers foi menor que o esperado. Mas todos voltaram para casa com lições pessoais.
A maior lição
A minha maior lição foi sobre a importância da disciplina em reconhecer os próprios limites, respeitar a si mesmo, valorizar aqueles que você ama e entender que assumir um risco maior do que o necessário pode comprometer o futuro — ou até mesmo a vida.
Agradeço a todos que me apoiaram, especialmente à Nívia e à Maria, que me viram sair animado em direção à montanha e voltar chateado.
O que vem pela frente
Não sei se tentarei novamente a Mons Ultra Trail, mas sei que, passada a dor dos quase 3.000 metros de altimetria acumulada que percorri, voltarei aos treinos. Volto com aprendizado e com a vontade de, da próxima vez, ter uma medalha para mostrar.
E você, já enfrentou um desafio em que a razão precisou falar mais alto que a emoção?
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